A Covid-19 como situação limite: experiências e memórias históricas na produção de conhecimento em saúde com favelas do Rio de Janeiro

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O projeto é uma parceria do Instituto Raízes em Movimento com o Laboratório territorial de Manguinhos – LTM/ Fiocruz

A proposta desse projeto consiste em fazer um diálogo entre o presente e passado para compreender a tessitura histórica através de escutas, relatos de moradores, ampliando o conhecimento sobre a saúde pública ao enfocar aspectos pouco explorados nos estudos da determinação social: a cultura local e a memória coletiva, que impactam sobre a forma através das quais os territórios respondem à situação de saúde e à eventos que se infiltram em seu cotidiano. Este conhecimento ocorre ainda para compreensão e fortalecimento da participação popular, fundamental à promoção da saúde e ao fortalecimento do SUS. 

O projeto está sendo realizado em 3 favelas (Alemão, Manguinhos e Rocinha) com base na metodologia qualitativa, recorrendo à pesquisa participante, com a formação de uma Comunidade de Pesquisa Ação em cada região, responsável por atividades junto aos coletivos. Além da realização de seminários sobre o enfrentamento da covid-19 e seus impactos, também sobre memórias de situações-limite, o projeto pretende construir um acervo de memórias da covid-19 e outras situações limites.

No Complexo do Alemão, as pesquisadoras Joice Lima e Daiane Araújo têm feito essas escutas com alguns(as) moradores(as) sobre esse período de pandemia e a primeira impressão que tiveram é que os mesmos têm uma grande necessidade de falar, expressar suas incertezas do futuro e trazem diversos relatos ligados aos impactos causados em suas vidas e para sociedade como um todo, mas principalmente para a favela onde os efeitos de qualquer situação limite serão ainda mais devastadores.

Nessa escuta, boa parte dos relatos é daquelas pessoas que não conseguiram recolocação no mercado de trabalho, que estão passando fome, enfrentando crises de ansiedade, depressão, falta de recursos para tratamentos de outras doenças e a lista só aumenta, sobretudo sobre a ausência do poder público nesse momento tão dificil que o país e, particularmente, as favelas se encontram. É necessária uma escuta mais ativa destas pessoas altamente conhecedoras de suas principais demandas para sobrevivência e uma vida digna. 

A  importância desse projeto é pensar a COVID-19 para além da doença em si, mas,
“o objetivo é discutir sobre a pandemia através das memórias dos moradores e os impactos que foram trazidos para suas vidas, sejam eles sociais, econômicos, culturais, assim como agravamento de problemas familiares, problemas psicológicos, tristeza para as pessoas da terceira idade, a preocupação com o desemprego, falta de sustentação básica, como refeições e cuidados mínimos para evitar o contágio e disseminação do vírus”,
encerrou, a pesquisadora, Joice Lima.

Favela Viva.

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David Amen - CEPEDOCA - RAIZES EM MOVIMENTO

Escrito por:

Cria do Complexo do Alemão, jornalista, grafiteiro, ilustrador e videomaker. Co-fundador do Raizes em Movimento. Coodernador de comunicação do projeto Memórias Faveladas.

David Amen - CEPEDOCA - RAIZES EM MOVIMENTO

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Cria do Complexo do Alemão, jornalista, grafiteiro, ilustrador e videomaker. Co-fundador do Raizes em Movimento. Coodernador de comunicação do projeto Memórias Faveladas.

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