VIOLAÇÕES DE DIREITOS NO COMPLEXO DO ALEMÃO
Mais um derramamento de sangue nas comunidades do Rio de Janeiro. Depois das chacinas do Jacarezinho, em 2021, e no Complexo da Penha, em 2022, nesta quinta-feira (21), o Complexo o Alemão parece se encaminhar para um mesmo resultado. São em dias tingidos pelo terror nas comunidades que ocorrem violações de direitos humanos que impactam os moradores destas localidades diretamente.
São mais de seis horas de operação no Complexo do Alemão. Um policial e uma mulher, mãe de três filhos, morreram com um tiro no peito. Há relatos de muitos corpos pela comunidade e ainda não existe um número exato de mortos. Em paralelo, vídeos e declarações da população da favela relatam invasões em domicílios por parte de agentes da polícia militar, além de agressões e roubos de pertences de suas casas. Na esperança de dias melhores, moradores do Complexo do Alemão colocaram panos brancos nas lajes e janelas.
Há pessoas que ficaram entre o tiroteio, no caminho para o trabalho. Há aqueles que queriam levar os filhos para uma consulta médica, e também há, em todo Complexo do Alemão, bem como em todas as favelas do Rio, o desejo de se ter o básico: o de ir e vir com segurança.
A forma como se quer combater a criminalidade já está mais do que desgastada e não existe um planejamento de políticas de segurança adequado. As forças policiais a mando do Estado, entram nas comunidades, pessoas morrem e nada é modificado. Essas estratégias trazem ainda mais insegurança nas favelas e se tornam evidentemente desumanas. E o sentimento de quem mora ou frequenta as favelas é que a todo momento o corpo vira alvo.
É expressamente visto o preparo específico para o qual essa polícia militar foi treinada: para usar de todo o seu poder em cima dos corpos que estão dentro da favela. Somente vemos mortes e lágrimas, mas não vemos resultados diante desta tão impactante realidade. Em pleno ano eleitoral, a comunidade não vê mudanças. Vale ressaltar que se trata de uma comunidade ‘pacificada’ desde 2010. *A paz que queremos não é a paz da pacificação e não estamos pacíficos, paralisados, com tantas mortes e atrocidades. Nos organizamos diariamente pela transformação de nossas políticas públicas para que justamente impactem diretamente nosso cotidiano.
Mas o que esperam de nós nessa guerra colonial?
Assinatura
Coletivo Papo Reto
Voz das Comunidades
Instituto Raízes em Movimento
Educap
Mulheres em Ação no Alemão – MEAA
Instituto Brasileiro de Lésbicas
Escola Quilombista Dandara de Palmares
Coletivo Ocupa Alemão
Juntos Pelo Complexo
As fotos a seguir são registros de moradores diversos e imagens que circularam pelas redes sociais.