por David Amen
fotos: Hector Santos
Foi de novo mais um sábado incrível no Morro do Alemão (CPX) com tudo que mais uma edição do evento CIRCULANDO proporcionou. Dia 30 de novembro de 2019 será sempre lembrado, a rua foi lindamente tomada por crianças em diversão pura, debates ricos de conteúdos atravessando a tarde com produção de conhecimento a partir da perspectiva de jovens, pesquisadores e moradores. Foi mais um dia que reuniu política, arte e manifestação cultural em um espaço só. Já a noite o encerramento foi ao som da bateria de bloco carnavalesco estampando a felicidade em todas(os). Que dia!
Nós do Raízes em Movimento só temos a agradecer quem passou pelo evento neste último sábado, a cada um(a) que contribuiu com suas atividades, seu tempo e foi parte fundamental nessa realização. É assim que acontece o Circulando, com parcerias que fortalecem o sentido de participação e trabalho em rede, e nessa edição não foi diferente, apesar de menos ações, cada uma delas foi organizada por meio dessas relações e com muito comprometimento que abarcam os principais pontos de interesses da comunidade.
DIVERSIDADE, REENCONTROS E EMOÇÕES
Depois de um belo café da manhã a gente teve a primeira roda de conversa sobre arte e cultura urbana com a apresentação dos trabalhos da jornalista, Lana de Souza, integrante do Coletivo Papo Reto, e da pesquisadora, Priscila Telles. Foi mais uma reunião com o Coletivo de Pesquisadores em Movimento que, desta vez, integrou à programação do Circulando apresentando dois trabalhos acadêmicos realizados na região do Alemão. Lana que, com um documentário, conta um pouco sobre os primeiros 10 anos do próprio Circulando e Priscila fala sobre a Roda Cultural de Olaria e suas diversas formas de ocupar o espaço público com arte e cultura.
Ações paralelas ocorriam e davam o tom da diversidade que transborda e transforma o Circulando nesse espaço múltiplo. Enquanto crianças brincavam de badminton (atividade do Sesc), e pinturas, grafiteiros coloriam alguns muro e aproveitaram para homenagear o “Zeco”, grafiteiro que faleceu, morador do Complexo do Alemão. Foi um momento que marcou essa edição, afinal Zezinho (como era carinhosamente chamado por amigos(as)), além de ter um trabalho incrível de arte na comunidade, é muito querido e sempre esteve presente nas edições anteriores do evento.
Muita emoção, sorrisos nos rostos, memórias afetivas, poesias, diálogo e comunicação na favela. A turma do projeto Juventudes em Movimento fez uma troca de ideias sobre gênero, com base nos dados levantados na pesquisa que realizaram no inicio desse ano. A Serra da Misericórdia foi tema de outra rodada de conversa encerrando o ciclo do “Vamos Desenrolar – Meio ambiente” que teve 05 rodas esse ano. Um reencontro necessário com o tema, a memória do principal provocador dessa luta, Luiz Poeta, e pessoas de lutas por um ambiente saudável, mais digno, há anos na região. A mediação da Roda foi feita pelo Diretor do Verdejar e ambientalista, Edson Gomes, cercado por pesquisadores, moradores e integrantes de organizações locais.
BOA MÚSICA, ENERGIA MELHOR AINDA
E, no final de tudo, muita música, improviso entre a voz intensa de Veto Martins e a suavidade do violão tocado pelo amigo, Bruno Coutinho, que representaram bem alguns clássicos do Rock Nacional. Mas o suprassumo desse grande dia foi o tom forte da bateria do Bloco Carnavalesco Unidos da Grota que colocou geral pra dançar e recordar sambas e enredos que marcaram épocas nos carnavais carioca. Foi um acerto e um privilégio encerrar a noite assim, festejando com samba
Assim é o Circulando: arte e comunicação “periFaveladas” que criam novas perspectivas de vida a partir das verdadeiras potencialidades humanas. É orgânico e pulsante. Difícil de produzir, mas prazeroso intensamente.
É vivo!
Favela Viva.
